sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Eslovénia - Liubliana: a cidade branca


Liubliana: uma capital alegre e cheia de vida




Liubliana é uma cidade bonita, alegre e cheia de vida, com ruas frequentadas por mulheres belíssimas e um povo a celebrar uma independência ainda fresca.





Capital de um dos mais pequenos países da Europa, Liubliana tem um tamanho que lhe permite ser inteiramente percorrida a pé e sem pressa, em ruas de trân­sito fluido. Não é uma metrópole como Paris, apesar dos "bistros" cheios de charme e do ambiente artístico de um Quartier Latin de Leste. Será antes Amesterdão ou Praga em miniatura, sem multidões nem canais, mas com bicicletas encostadas a cada canto e um nunca acabar de pontes com história, monu­mentos barrocos e belos edifícios Arte Nova. Porém, quem ao fim da tarde se passeia pelas serenas margens do rio Liublianica, entre ca­sais de namorados e corredores solitários, não imagina o seu conturbado passado.


Habitada por Ilíricos e Celtas, foi cha­mada Emona pelos Romanos, que a ocupa­ram durante cerca de cinco séculos. O de­clínio do império trouxe saques e destruição às mãos de Hunos e Ostrogodos até, no sé­culo VI, ter início a invasão eslava. Em 1335 cai sob o domínio dos Habsburgo, fa­mília imperial austríaca que impõe um rígi­do sistema feudal, mas que transforma Liu­bliana num dinâmico centro de comércio entre o Leste e o Ocidente.


Infelizmente, no início do século XVI, um violento sismo destrói grande parte da ci­dade. A reconstrução, embora lenta, é gran­diosa e os muitos monumentos e edifícios de tons pastel então erguidos valem-lhe a alcu­nha de "cidade branca". Em 1809, os seus habitantes vêem chegar novos invasores. Desta vez são os exércitos de Napoleão, que inte­gram a Eslovénia no Império francês. Liu­bliana passa então a capital das seis províncias ilíricas, um território que abrangia a ac­tual Bósnia e a Dalmácia. Após um período próspero, para que muito contribuiu a chega­ da da linha-férrea entre Viena e Trieste, outro terramoto atinge a cidade, em 1895. São, então, construídos os edifícios de Arte Nova que ainda hoje embelezam a cidade.


Mas o século XX reservava ainda mais algumas surpresas desagradáveis. O país é mais uma vez invadido, durante a II Guerra Mundial, por italianos e alemães. Com o fim do conflito a Eslovénia liberta-se finalmente das tropas invasoras e integra a Jugoslávia, até que, em 1991, declara unilateralmente a independência. Nessa inesquecível noite de 25 de Junho, o presidente Milan Kurcan grita à multidão em júbilo, que se junta na Praça do Congresso: "Esta noite os sonhos são permitidos, amanhã será um novo dia".


Hoje, a mesma praça enche-se todas as manhãs com jovens que se dirigem ao edifí­cio da Universidade em passadas sonolen­tas. Durante a época escolar, perto de vinte e sete mil estudantes frequentam as catorze faculdades e três academias de arte da capi­tal, emprestando uma jovialidade conta­giante a galerias de arte, museus e livrarias sempre apinhadas.


No entanto, para os locais, o verdadeiro co­ração da cidade é a praça que homenageia o mais amado dos poetas eslovenos, France Preseren, aquele cuja figura olha na direcção da casa outrora habitada pela sua amada: Júlia a quem dedicou versos amargurados. O pedestal da sua estátua é agora um lugar ale­gre, onde os habitantes da cidade marcam encontros. Esta parte de Liubliana, que ainda conserva o seu ca­rácter medieval por ter sobrevivido parcial­mente aos dois sismos que destruíram o res­to da cidade, tem dois ritmos.





De manhã, é tudo muito calmo. As poucas pessoas que se vêem na rua passeiam com vagar, ora entrando numas das velhas casas de chá com lindíssimas fachadas de madeira, que destilam aromas quentes e convidativos, ora percorrendo becos estrei­tos habitados por antiquários ou deitando um olho a montras artisticamente decora­ das. A partir da hora de almoço, é outro ritmo: as esplanadas à beira-rio enchem-se de gente e as ruas zumbem com o ruído ale­gre de grupos de jovens de cabelos coloridos e roupas extravagantes.


Um caminho estreito e íngreme leva-nos ao topo da colina que alberga o castelo. É do alto da sua torre que se avista a melhor paisagem. Este castelo, a que já fazem referência escritos de 1144, foi-se degradando nos últi­mos séculos, tendo chegado a ser uma guarnição militar e mesmo uma prisão.




No burgo antigo, pode-se admirar a fonte de Francesco Robba, com magníficas esculturas alegóricas que re­presentam três dos principais rios do país. Pode-se observar ainda as cúpulas verdes da Catedral de S. Nicolau que fun­cionam como um farol para quem se en­contra perdido entre as ruas labirínticas. Também aqui se pode atravessar a mais enigmática das pontes. Esta tem oficialmente o nome do Imperador Francisco José, porém é conhecida de forma informal por Ponte do Dragão - símbolo da cidade - devido aos ameaçadores bichos alados que enfeitam as extremidades. Dizem que, quando uma virgem passa, os dragões abanam a cauda.





Liubliana é de facto uma capital que vale a pena ser visitada, bem como toda a Eslovénia.